As piores falhas de marcas da década

Veja quatro deslizes publicitários que se repetiram na década e trouxeram declínio para marcas. Agências sugerem cautela na abordagem de temas delicados

 por carolina cozer

Uma das melhores maneiras que marcas podem fazer para evitar falhas são observar os erros das outras – sobretudo quando o erro vem de grandes marcas internacionais.

Com a popularidade das redes sociais, falhas podem se tornar enormes catástrofes em questão de minutos. Portanto, todo cuidado é pouco na hora de tocar em assuntos que podem ser sensíveis a determinados grupos.

De acordo com a agência de marketing digital Visual Fizz, compreender por que os erros acontecem é o primeiro passo para evitar uma falha de propaganda.

A agência sugere que as marcas sejam meticulosas na maneira como criam e veiculam suas mensagens, ficando longe de questões que possam ser interpretadas de modo negativo, como questões políticas, ambientais, raciais e de gênero.

Falhas

Falhas de comunicabilidade

Segundo o sistema de monitoramento publicitário Connectmix, a principal causa de perda publicitária vem da falha comunicativa com veículos anunciadores. E os índices são altos: cerca de 85% das razões de perdas são provenientes destas falhas.

Selecionamos quatro exemplos de deslizes que se repetiram nos últimos dez anos e que fizeram as marcas afundarem em vez de decolar:

1. Questões raciais e étnicas em produtos de higiene pessoal

Dove e Nivea são exemplos de marcas que falharam no cuidado com questões étnicas, divulgando campanhas que foram consideradas racistas.

Em 2017, a Dove publicou uma ação em que uma negra se transformava em branca após usar o sabonete. De modo semelhante, a empresa já havia cometido o mesmo erro, em 2011, quando mostrou uma mulher negra e plus size se tornando branca e magra. 

Nas redes sociais, a Dove chegou a se desculpar pela campanha (veja vídeo abaixo da rede CNN)

https://www.youtube.com/embed/w4OreEdwaAM?enablejsapi=1&origin=https%3A%2F%2Fwww.consumidormoderno.com.br

A Nivea não foi muito melhor ao divulgar uma propaganda, também em 2017, que associava a palavra “branco” à “pureza”. A campanha foi destinada ao público do oriente médio, mostrando os dizeres “mantenha-se limpo” e “branco é pureza.”

A agência de marketing Brafton ressalta que as empresas não pareciam ter a intenção de serem preconceituosas, mas falharam ao não terem cuidado em analisar a mensagem que estavam passando.

2. Banalização de atos coletivos

https://www.youtube.com/embed/uwvAgDCOdU4?enablejsapi=1&origin=https%3A%2F%2Fwww.consumidormoderno.com.br

O ano de 2017 parece ter sido tenso para o marketing. A Pepsi foi uma das marcas mais comentadas (negativamente) na mídia internacional. 

O comercial figurava uma manifestação de civis contra policiais. Em meio a um tumulto, a modelo Kendall Jenner oferecia uma Pepsi a um dos guardas, promovendo a paz e apaziguando a tensão.

A mensagem foi rigidamente criticada pela mídia e pelo público, que sentiram a Pepsi banalizando atos públicos — principalmente por, naquela época, o movimento #BlackLivesMatter estar em voga nos Estados Unidos.

3. Abuso e estereótipos de gênero

Diversas marcas têm errado na dose na divulgação das imagens femininas em suas campanhas. 

Em 2013, a Ford deu um exemplo de como não retratar mulheres ao mostrar uma campanha do Ford Figo. Nela, o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi aparecia no veículo com três mulheres amordaçadas no porta-malas. 

A charge fazia referência aos escândalos sexuais do político, enquanto a Internet se mobilizava na campanha #MeToo.

Falhas

(Foto: Freepik)

Burger King e a marca de eletrodomésticos Miele também erraram na dose em seu marketing.

A primeira pegou onda na Copa do Mundo da Rússia, e lançou uma ação que oferecia Whoppers para russas que engravidassem de jogadores.

A publicidade dizia que aquelas que obtivessem “os melhores genes do futebol” e “garantissem o sucesso da equipe nas próximas gerações” receberiam hambúrgueres grátis.

A Miele, por sua vez, cometeu um deslize que ainda é comum nas campanhas de Dia Internacional da Mulher. Na ação de 2019, a empresa errou ao associar a data — que deveria representar a luta por direitos iguais — às atividades domésticas, mostrando um grupo de mulheres comemorando com um bolo em cima de uma lavadora de roupas, reforçando o estereótipo de servidão das donas de casa dos anos 50.

Falta de diversidade

Nikon tem um case que figura como mau exemplo de como se posicionar em relação à diversidade de público.

Nos mercados da Ásia e África foi veiculada uma propaganda com foco na diversidade das câmeras da marca. Para a campanha, foram selecionados fotógrafos dos setores de casamento, comercial, natureza e esportes. O problema foi que, ao tentar representar versatilidade, a propaganda não exibiu etnias locais. Não havia nenhum representante africano na lista, e também nenhuma mulher. 

No entanto, a empresa optou por não se retratar, mantendo a campanha ativa apesar das críticas dos públicos não-representados.

Matéria adaptada do portal: https://www.consumidormoderno.com.br/
Para ler na íntegra acesse: https://www.consumidormoderno.com.br/2020/01/14/4-falhas-marcas-decada/